O Notório RBT (Rational Basis Test)

Inventado pelo Supremo Tribunal, o teste da base racional aplica-se em todos os casos constitucionais que não envolvem direitos que o Supremo Tribunal tenha considerado “fundamentais”, como a liberdade de expressão, religião e voto. Ao contrário de seu nome, o teste de base racional não é racional, não está preocupado com a base real das ações do governo, e não é um “teste” de nada, exceto da vontade judicial de fechar os olhos para a má conduta de outros ramos.

O que torna a RBT tão desdentada? A Suprema Corte declarou que sob revisão racional, os verdadeiros fins do governo ao aprovar uma determinada lei são “inteiramente irrelevantes” e essas leis podem ser baseadas em “especulações racionais não apoiadas por evidências ou dados empíricos”. Aqueles que procuram desafiar uma lei sob revisão de uma base racional devem “negar todas as bases concebíveis” para as ações do governo, mesmo aquelas que são puramente especulativas ou hipotéticas. Se o tribunal pode imaginar um interesse “legítimo” que possa ser servido pela lei contestada, isso é suficiente para sustentá-la.

Soa absurdo, porque é. Vamos quebrar isso.

Os verdadeiros fins do governo são irrelevantes. Os juízes não procurarão determinar os verdadeiros fins do governo em aprovar ou aplicar uma determinada lei, mas defenderão a legislação se um fim legítimo puder ser hipotético.

Aquele que desafiar a lei deve negar toda e qualquer justificação concebível para ela. Ao contrário dos casos que envolvem padrões “reforçados” de revisão (onde “reforçados” é simplesmente um eufemismo para “reais”), nos casos de base racional, os juízes não exigem que o governo apoie suas afirmações factuais com provas. Ao invés disso, os tribunais defenderão uma lei se houver um conjunto concebível de fatos que possam justificar as ações do governo, mesmo que esses fatos não apareçam em nenhuma parte do registro.

Juízes ajudam o governo a racionalizar suas ações. Os juízes são obrigados a ajudar o governo inventando justificações para sua conduta, uma violação gritante da imparcialidade judicial que não é tolerada em nenhum outro cenário.

A partir da RBT, o governo recebe o benefício de uma presunção de constitucionalidade efetivamente irredutível. O resultado? Uma charada vazia no lugar de uma revisão judicial significativa. Os direitos que os autores da RBT consideraram sagrados são pisoteados à vista de todos.

O que torna a RBT diferente de todos os outros padrões de revisão é o abandono da função de busca da verdade habitual do juiz. Não há outro cenário em que os juízes abandonem sua responsabilidade de buscar a verdade e é inapropriado que o façam também em casos de base racional, não obstante o comando inexplicável e irresponsável da Suprema Corte em contrário. Em termos simples, a RBT é a essência destilada da abdicação judicial e é incapaz de proteger nossos direitos constitucionais.

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